O Conselho Regional de Psicologia de Pernambuco – 2ª Região (CRP-PE), através da Comissão de Psicologia Clínica, recebeu em sua sede, no dia 10 de maio, estudantes e profissionais de Psicologia na 3ª edição do Jornadas Clínicas 2024, que trouxe como temática da vez o “Cuidado em Liberdade em Solo Pernambucano”.
O evento começou com a fala da Conselheira Íris Maria da Silva (CRP-02/11.881), que possui uma trajetória tanto na luta antimanicomial, quanto na redução de danos, e apresentou sua experiência desde a formação acadêmica, que fora também demarcada por ser a única mulher preta durante sua graduação.
Íris falou, ainda, do quanto seus espaços de atuação contribuíram para o seu fazer baseado no cuidado em liberdade e abordou o futuro da luta sobre as políticas de permanência de pessoas negras, trans e que a cada época terão as suas lutas.
Finalizou fazendo um retrospecto do nascimento do SUS e seus desafios dentro da conjuntura política daquele período até a atualidade. "É preciso que os ciclos se renovem e sejam resistência”, declarou.
Júlia Pereira Bueno
(CRP-02/28.736) já iniciou sua participação indagando “qual é o cuidado em liberdade para as pessoas trans?” e abordou a sua experiência também pessoal dentro da perspectiva da redução de danos.
A psicóloga falou também das epistemologias corretas dentro da Psicologia. “Será que a clínica tem em suas quatro paredes o reflexo da imagem da defesa dos direitos humanos?”, questionou.
Da redução de danos na perspectiva da escuta e acolhimento, e construir pontes e fontes de acolhimento para além das fontes europeias. O que seria a liberdade para as pessoas trans? O que geramos quando produzimos cuidado?
Ao final, Júlia apontou as dificuldades da população trans no que diz respeito também ao crescimento e projeção de cargos hierárquicos profissionais, e refletiu sobre as possibilidades de romper esses padrões e tornar essa clínica autônoma desses núcleos de cuidado.
Fechando as palestras do momento, Rafael Silva West
(CRP-02/15.364) trouxe o quanto sua proximidade com pessoas de outros países, até mesmo africanos, a exemplo de Moçambique, lhe proporcionou contato com histórias de violação de direitos.
“A psicologia da ditadura estava também envolvida em processos que promoviam castigos e sofrimento dentro de manicômios. É uma história que fez parte do fazer daquela época. O movimento mangue beat com o auxílio da arte se misturou com as iniciativas do cuidado em liberdade, inclusive dentro dos manicômios”, contou Rafael.
Na oportunidade, abordou, ainda, o quanto foi fundamental seu contato com Marcela Lucena, em meados de 2010. “As iniciativas só foram aumentando a fim de fechar espaços que violavam os direitos e criação de outros núcleos públicos de cuidados”, finalizou.
O público presente também foi responsável com importantes contribuições com o debate, que enriqueceu o momento.
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