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Memórias do CRP-PE relembra primeira edição de 2025 do Jornadas Clínicas

24.04.2025

Com o tema “Redução de danos a partir de uma perspectiva de gênero em solo pernambucano”, o Conselho Regional de Psicologia de Pernambuco - 2ª Região (CRP-PE) promoveu, a primeira edição do ano da série de eventos já consolidado pela autarquia, o Jornadas Clínicas. O encontro foi realizado no último 11 de abril, e foi fruto da colaboração entre a Comissão de Psicologia Clínica e o GT Pernambuco Psicodélicos.  

O momento, contou com a presença de estudantes e profissionais da psicologia, além de uma mesa de palestrantes que proporcionaram uma rica discussão. Houve importantes diálogos com a perspectiva de ampliar o olhar, buscando compreender o contexto social, político, econômico e histórico, assim como o entendimento da desigualdade marcada por gênero apresentada nos espaços de atenção. Ademais, foi tecida uma reflexão de que a redução de danos surge de uma prática de cuidado que está presente também em lugares nos quais as políticas públicas não alcançam totalmente.

Na oportunidade, a representante da Comissão, Noite Bergoleon de Medeiros Farias (CRP-02/22903), apresentou para as participantes, as Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas(os) em Políticas Públicas de Álcool e Outras Drogas, elaborado pelo Centro de Referências Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP). Este documento orientador propõe estratégias de cuidado que retomam os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), trabalho em rede, atuação multiprofissional e intersetorial. Ele apresenta boas práticas desenvolvidas no campo, orientadas pela lógica da redução de danos e com centralidade nas(os) usuárias(os).

Também, ocorreu a leitura do texto de posicionamento da Comissão de Psicologia Clínica do CRP-PE, confira logo abaixo:

Falar de redução de danos é, antes de tudo, afirmar o direito à vida — mas não qualquer vida. É afirmar o direito a uma vida digna, com prazer, com cuidado, com liberdade. E quando escolhemos falar disso a partir de uma perspectiva de gênero, a gente reconhece que os corpos não estão em risco da mesma forma. Há desigualdades que atravessam gênero, raça, classe, acessibilidade, sexualidade e território. E que, se a gente não leva isso em conta, o cuidado falha.
 
Defendemos que a redução de danos é muito mais que uma técnica — é um posicionamento ético, político e radicalmente comprometido com a dignidade humana. E quando a olhamos a partir de uma perspectiva de gênero, essa ética se amplia. Porque é impossível falar de cuidado sem reconhecer que os corpos são atravessados por desigualdades.
 
Acreditamos que defender a redução de danos é um chamado à luta contra-colonial. A história do Brasil começa com a invasão, com a expropriação, com a violência contra corpos pretos, pardos, indígenas. Corpos escravizados, catequizados, violentados — e ainda hoje marginalizados. A colonização não foi apenas um processo do passado. Ela moldou — e ainda molda — quem tem acesso ao cuidado e quem é abandonado. E seus efeitos seguem vivos nos territórios aonde o Estado não chega, nas prisões lotadas, nas cracolândias criminalizadas, nas comunidades terapêuticas que mais parecem manicômios.
 
Mas o colonialismo também se renova em normas que controlam o que é um corpo saudável, o que é um sujeito digno de cuidado. Mulheres, travestis, pessoas trans, pessoas com deficiência — todas essas existências são frequentemente atravessadas por olhares de suspeita, de tutela, de silenciamento. Quem são os corpos que têm direito ao prazer? Ao desejo?
 
Porque cuidar também é distribuir preservativo, é garantir acesso à camisinha, ao lubrificante, à PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), à PEP (Profilaxia Pós-Exposição). Mas é ainda mais: é falar de prazer sem culpa. É reconhecer que a sexualidade não é um desvio — é parte da saúde integral.
 
Por fim, como Comissão de Psicologia Clínica que promove este evento, afirmamos com firmeza: estamos comprometidas com uma psicologia que não se furta ao seu papel político, que reconhece as marcas da colonialidade nos modos de sofrer, e que escolhe caminhar ao lado das pessoas — não para moldá-las, mas para construir outras possibilidades de cuidado, mais livres, mais plurais, mais humanas. Defender a redução de danos é defender o direito de existir com dignidade. E é por isso que estamos aqui.

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